Vestia uma saia azul, de cintura alta. Azul céu. Não era rodada exatamente. Possuía um tecido leve, que balançava com o vento. E vestia uma blusa preta. Mas eu gosto de pensar que estava de preto, como que em luto. Com um pano rendado cobrindo seu rosto bonito, vermelho e molhado. Assim seu choro se tornaria mais aceitável.
O sinal abriu. Uma enxurrada de pessoas veio. Não sabia se do Setor de Autarquias Sul, ou do Setor Bancário Sul. O triste era saber que não tinham vindo da Biblioteca Nacional. Que não tinham pisado os pés cansados no Museu da República.
Passavam enquanto observavam a menina bonita chorar. O rapaz permanecia gesticulando, tentando acalmá-la. Tocou-lhe os ombros, a tirou da multidão.
A menina bonita limpou as lágrimas dos olhos vermelhos, no rosto vermelho. Chorou no meio da rodoviária de Brasília. Se fosse em São Paulo, ninguém repararia.
já chorei na linha verde. enlouquecida. sem conseguir parar. pela paulista também. até a pm parou pra perguntar se tudo estava bem. velhinhos no metrô pegavam na minha mão e diziam apenas que ia passar. um outro velhinho veio falar comigo, tentar entender o que aconteceu, e ele que acabou falando sobre a vida dele, sobre sua família e sobre suas mágoas. Em São Paulo as pessoas reparam e acolhem.
ResponderExcluire eu só chorava porque tinha passado na usp, ia me mudar logo. chorava porque o cine marcou comigo na livraria cultura e não apareceu. nem justificou porque não foi, nem avisou que não iria. chorava porque minha mãe não entendia minha dor e me tratava com violência e dizia, como sempre, que era frescura.
agora, em sp, me sinto tão feliz por estar longe da estupidez dos meus pais. e um pouco culpada por me sentir eu, por me sentir inteira, aqui, no meu apt no quinto andar, e não lá, na casa deles, onde eu só sinto angústia, opressão... e solidão.