Vestia uma saia azul, de cintura alta. Azul céu. Não era rodada exatamente. Possuía um tecido leve, que balançava com o vento. E vestia uma blusa preta. Mas eu gosto de pensar que estava de preto, como que em luto. Com um pano rendado cobrindo seu rosto bonito, vermelho e molhado. Assim seu choro se tornaria mais aceitável.
O sinal abriu. Uma enxurrada de pessoas veio. Não sabia se do Setor de Autarquias Sul, ou do Setor Bancário Sul. O triste era saber que não tinham vindo da Biblioteca Nacional. Que não tinham pisado os pés cansados no Museu da República.
Passavam enquanto observavam a menina bonita chorar. O rapaz permanecia gesticulando, tentando acalmá-la. Tocou-lhe os ombros, a tirou da multidão.
A menina bonita limpou as lágrimas dos olhos vermelhos, no rosto vermelho. Chorou no meio da rodoviária de Brasília. Se fosse em São Paulo, ninguém repararia.